26 de abr. de 2008

Tango


Teddy olhou a aliança dourada. Retirou a circinferência de seu dedo e, contra a luz, leu o nome.
Dominique Weasley.
O coração acelerou. O cenho foi franzido e os olhos se estreitaram. Ficou imóvel. A ardência de sua alma voltou depois de tanto tempo, a sensação que ele julgara ter esquecido. A saliva desceu espessa pela garganta e tornou a olhar a aliança.
Não. Não era. Ainda estava com Victoire.
Colocou o anel no dedo e mirou a imagem diante de si.
- Por que voltou? - Não soube por que perguntara, mas o havia feito. Não queria uma resposta. Não queria ter provas de que aquilo era real.
Ela ajeitou os cabelos, trocando a franja de posição e chacoalhando as madeixas longas e espessas sobre as omoplatas expostas pela blusa de alças final. Não era mais uma adolescente, não possuía mais as feições de serenidade, mas não pôde desapegar de sua essência a sua áurea.
- Você me pediu. Lembra?
- Não achei que atenderia a um pedido meu.
- Mas se eu não viesse, você iria se perguntar todos os dias o que aconteceu comigo, atrapalhando seu casamento e importunando a vida de seus familiares. E a culpa seria tribuída a mim, de novo.
- Você se importa com isso, por acaso? - Tentava se mostrar indiferente, como se a presença dela ali não o formigasse.
Ela balançou a cabeça, negando.
- Dar uma explicação que seja verdadeira é muito para alguém como você? - Esfregou as mãos pelo rosto, deslizando-as pelo pescoço e abrindo os dois priemrios botões de sua camisa.
- Não tem motivo. Eu só quis voltar.
- Você quer saber o que acho? - Elevou a voz, mas não o queria ter feito. A presnça dela o pressionava, o tirava do ponto de equilíbrio que aprendera a ter com os anos para suportar ficar perto dela. E estavam sozinhos ali. - Eu acho que você não suportou a idéia de partir carregando um filho meu e, agora, a criança deve pedir tanto para você deixá-la conhecer o pai que cedeu ao pedido. E isso é cruel, Nic, até mesmo para alguém como você--
- Lupin
- NÃO!!! ME DEIXA TERMINAR! Você vem poupando ela de me conhecer, mas você não tem idéia do quão ruim é crescer sem ter um pai por perto, e sabe o por quê? PORQUE VOCÊ ESCOLHEU VIVER LONGE DO SEU E ELA NÃO!!!!!!!
Dominique abaixou a cabeça e Teddy julgou aquilo como sendo um ato subversivo, como se ela se rendesse aos argumentos que acabaram de nascer dentro da cabeça dele. Mas só parecia.
- FALE ALGUMA COISA!
Ela ergueu a cabeça e os olhos nunca lhe foram tão cianos como agora.
- Teddy. - O seu apelido dentro de sua cabeça, propagando-se sucessivas vezes com a voz dela, era sonoro e quente. Era como se voltasse àquela maldita noite em que perdera o controle; à noite que tanto gostava de se lembrar.
Acalmou-se rapidamente e penetrou os mesclado dos olhos de Dominique. Eles estavam em uma estranha sintonia.
- A gente não tem um filho.

Um comentário:

Morgana Onirica disse...

"eu sonhei com esta criança. imaginei como ela seria, como seus olhos brilhariam tão parecidos com os da mãe.
imaginei seus dedinhos rodeando as mãos dela; imaginei os cabelos numa espécie de louro acobreado.
e a criança pedia pelo pai que não conhecia, pedia um porquê..."
o que vc escreveu foi tão doloroso, noah... porque eu realmente achei que a criança vingaria, que seria o significado maior pra dominique.
mas pensando agora, ela nunca conseguiria dar a esta criança o verdadeiro sentido de mãe...
é triste, mas tão lindo e sincrônico tudo o que vc escreve sobre ela...

=**