16 de abr. de 2008

pespicaz al.

As coisas mudaram um pouco desde a partida de Dominique.
Era um James angustiado e explosivo de um lado, um Teddy inquieto, uma Louis perguntando sobre tudo - sem mencionar o Sr. e Sra Weasley que viviam falando na neta desaparecida. Mas ele, mesmo que sentisse falta dela, só conseguia agradecer por aquilo - pela aquela ousadia que todos desconheciam, de certa forma.
Albus não conseguia ver nas escolhas da prima falhas de caráter, como, às vezes, ouvira o Tio Percy acusar. O máximo que pesava em sua cabeça era o fato dela nunca mais ter lhe respondido nenhuma carta. No entanto, isso também era compreensível; afinal, Dominique não era alguém que escrevia cartas.
Quando muito raramente parava para pensar no assunto, não compreendia como uma única pessoa fora capaz de desestreturar toda uma família. Dominique nem era ligada com ninguém, Merlim! Mas Al sabia de alguns segredos, de alguns fatos que os demais desconheciam - pois o filho do meio do grande Harry Potter era, antes de qualquer julgamento, perspicaz.
No Natal do último ano, na noite em que um gnomo invadiu o quarto de suas primas, Nic não estava lá. E, no quarto onde Al e os outros garotos dormiam, Teddy há muito se levantara e não voltara.
Para ser sincero, Al tinha pena de Teddy.
E quem não teria nas ciscunstâncias que o afilhado de seu pai se metera? Noivo de Victoire e completamente apaixonado pela cunhada - e justo esta, que nunca dera sinal de qualquer afeição por quaqluer coisa, inanimada ou não. Mas, pensando bem, talvez fosse aquele contraste que a envolvia que encantara o jovem Lupin - pois isto estava preso na essência dela, ser diferente diante de uma família que só sabia o que era família.
E também tinha o Tio Charlie que, mais do que nunca, passava mais tempo longe de todos. Victoire, às vezes, só para cumprir o seu papel de afilhada, reclamava - porém, Al sabia bem que ele sentia que perdera a sua única filha.
Muitos diziam que Nic era a semelhança de Tio Bill, mas haviam desacordos. Al, por exemplo, achava que ela tinha mais algo muito parecido com o Tio Charlie - até quando era menor, ao perguntar para o seu pai se a prima era mesmo filha de Bill. A situação toda era muito complicada para todos, pois, durante dois anos, Nic morou na Romênia com o Charlie - e ninguém nunca soube o por quê.
Ao retornar para casa, Louis não sabia ao certo se deveria considerá-la como irmã, mas aceitou porque tia Fleur disse a ela que Dominique assim o era - só que o contato das duas não durou muito, pois logo em seguida, Dominique fora para Hogwarts, voltando em raros natais.
Lils, irmã de Al, pediu por um ano para estudar na França, pois acreditava que Nic estava em um intercâmbio - e quando esta foi embora, a ruiva queria fazer o mesmo. Tudo isso simplesmente porque Dominique Weasley era um ícone de diferenciação de sociedade para a miúda.
De todos aqueles que foram traumatizados pela deixa da loura enferrujada, quem mais sofria era James.
O moreno passou por longos dias (semanas, meses) lamentando-se por não ter sido bom o bastante para fazer o que Teddy fazia com ela - e isso estava longe do carnal. Quando afirmou-se que o Lupin realmente era o pai do filho que ela levara consigo, James conseguiu deslocar a mandíbula inferior dele com um soco.
James realmente amava Nic.
Analisando-se um pouco melhor, Albus achava que entendia como sua prima se envolvera com o cunhado.
Teddy também era diferente.
Ele poderia ser o ponto de eterna curiosidade para ela, algo sempre mutável e que se nega. O não-ser constante de si mesmo. E até aí, os dois se completariam, uma vez que ela se atraia pelo novo e ele podia ser sempre novo. Mas a prática nem sempre é linda como a teoria - e Al estava errado em um ponto.
O que atraía Dominique em Teddy não era o diferente, mas o não poder - e isso dissipou-se quando ela pôde tê-lo. Ao ver Nic partir, Al entendeu também que ela sempre sofreria constantes decepções mesmo que não soubesse, que não sentisse, porque o que é novo uma hora fica velho, o que é legal, uma hora chateia - e, principalmente, que tudo sempre vai ceder apara alguma coisa.
Quando ela partiu, disseram que era egoísta, mas Al sabia que isso estava longe do verdadeiro eu real dela. Ninguém nunca entenderia a sua natureza - exceto ele, e talvez o Tio Charlie.
Dominique simplesmente não tinha necessidade de absolutamente nada - nem mesmo dela própria. Seria como se vivesse numa abstração de mundo onde nada é realmente vivo ou existe. Nic viveria sempre de instantes, e esses são o que nunca poderão ser, porque o instante futuro ainda não é e o que agora é já não existe mais, por ser rápido e perene.
E pensar em tudo isso com 13 anos não foi fácil, mas com o tempo, suas idéias amadureceram e apenas se afirmaram - e o sentimento de pena aumentou.
"E onde está o seu filho?"
Ela apenas sorriu e o chamou com um aceno para ver a vista do topo do London Eye.
"Não foi você mesmo quem me disse que as coisas em mim são perenes, Al?"

Um comentário:

Morgana Onirica disse...

é por isso que eu te adoro tanto: conseguiu colocar uma explicação pra atração que a dominique sente através de uma fic.
e nada melhor do que o albus pra entender tudo que estava acontecendo.
=)
não vejo a hora de ter um gostinho maior do desfecho desta personagem...

=**