16 de mai. de 2008

Apenas um dia

As mãos encobertas pelas mangas compridas da blusa. Mas ela não sentia frio; ela não podia sentí-lo.
"Não vai me dizer nada?"
Ela procurou no bolso da calça o maço de cigarro sabor morango e, antes de acendê-lo, deixou-o suspenso nos lábios incrivelmente vermelhos e virou o rosto.
"O maníaco aqui é você". E sorriu, em escárnio. Acendeu o cigarro e baforou na cara dele. "Eu o deixei vivo e agora vive atrás de mim para saber por que não o matei. Seres humanos costumam ajoelharem-se em qualquer canto e agradecer a alguém supremo".
Algo travou na garganta dele, mas iria dizer mesmo que aquilo o corroesse.
"Talvez eu não seja um ser humano..."
A gargalhada maquiavélica que ela propagou ardeu os ouvidos dele, mas logo houve silêncio. Os olhos estavam cintilantes, em perfeito cianite, e isso era um bom sinal - de certa forma.
"Você acha que não é e quer que eu o mate para provar isso".
Ela levanto-se, tragou uma última vez e estendeu o cigarro na direção do rapaz. Remus receou, sempre condenara Sirius pelo mesmo vício, e agora o cigarro lhe era tentador. Mas ela não esperou a boa-vontade dele, e acabou por jogar o toco entre seus pés.
"Quando tiver certeza, me procure de novo".
Remus não queria, mas seus olhos o traíram. Ele teve de assistí-la ir embora, movendo seu corpo como se fosse uma bailarina à mercê da sargeta e seus cabelos descendo, volumosos, pela sua espinhal em claríssimo louro - havendo, apenas, pontas ruivas.
Estranho, Remus sempre achara que vampiros possuíam cabelos escuros.

Um comentário:

Anônimo disse...

o.o
vejo que as idéias estão fluindo...

ninguém fica mais feliz com isso do que eu.
=)

=**