25 de mar. de 2008

Pano de Cetim

Charlie acreditava que era padrinho da garota errada. Sempre que via Vic brincar com Teddy e chorar pela atenção do pai, vislumbrava-se com a destreza da então caçula em deixar que a irmã tivesse o que conseguisse.
Charlie sempre achou que Nic tinha a sua essência e uma perspicácia infantil em perceber que ela era diferente de Victoire. E ele sabia que Ron não era a melhor pessoa para ajudá-la no caminho que traçaria.
Descobriu, quando a loura enferrujada tinha oito anos, que Dominique não conseguia ter sentimentos fortes o bastante para vincular-se com alguma coisa - ou alguém. Ao ter ganho o coelho branco de Harry em seu aniversário, em uma semana o animal foi parar na casa do Potter, com a desculpa que Nic desenvolvera alergia.
Mas Charlie logo soube que a miúda simplesmente não entendia como aquele animal poderia depender dela se ela não dependia dele.
Conforme o tempo passou, as diferenças entre a primogênita de seu irmão e a agora filha do meio acentuaram-se de tal maneira que Bill se desesperou. Dominique era o ser mais dócil que ele conhecia, mas que sabia perfeitamente como irritar a irmã: na carência infinita de atenção do pai. E aquilo começara a se tornar o seu passatempo preferido.
Após muito conversarem, Charlie e Bill julgaram melhor que Dominique passasse algum tempo com o tio, na Romênia. E foram os melhores dias da vida dele e dela. Juntos, Charlie descobriu que a garota tinha uma leve inclinação para ser prestativa, mas que nunca o seria se não percebesse que alguém precisasse realmente dela.
Um dos tantos contrastes que ele notara nela.
Dominique aprendeu a cuidarde dragõs, ferimentos e a ler em Runas; desenvolveu sua magia e o pensamento prático e, para o singelo orgulho do tio, aprendeu que aquilo que não a interessava não deveria ser dito apenas por dizer.
Com o passar dos dias, olhos dela tornaram-se azuis ciano, diferentes dos demais orbes da família, adquiriu uma pele levemente corada e seus cabelos eram fios de Sol acorbreados.
E, então, ela teve de retornar para casa.
Charlie ficou sabendo que sobrinha fora para Hogwarts e era a mais nova integrante de Gryffindor. Em seu segundo ano, entrou para o time de quadribol e era tida como uma das melhores alunas em História da Magia. Mas foi em seu quinto ano, quando Victoire estava no último, que o segundo filho mais velho dos Weasley notou que algo estava diferente.
Nas férias daquele verão, Teddy praticamente apenas ficara na casa de Bill, para ficar o máximo de tempo possível com Victoire. No entanto, no dia em que toda a família resolveu passar uma tarde na praia, os olhos do Lupin sempre acabara por pousar sobre a figura delgada e delicada de Dominique.
Seu outro contraste. Sua anatomia em nada declarava sua verdadeira postura.
Charlie sabia que não havia com o que se preocupar, pois Nic não se importava muito com o agregado da família. E nem deveria, pois em breve, ele casar-se-ia com Victoire.
No sexto ano, Dominique fora titulada como capitã do time e James quis fazer uma festa. E ela foi feita. À noite, quando o primogênito de Harry se excedeu na bebida e levou Dominique à praia, Charlie ouvira todas as palavras de amores que o jovem pronunciou, com a língua enrolada, para a sua pequena Nic - e ele, já conhecendo bem a afilhada que deveria ter tido, sabia que James receberia um beijo, um abraço apertado e até algo a mais, mas nada além disso, porque, para Dominique, brincadeira e desapego são virtudes que nunca machucam.
Naquele Natal, James apareceu com uma namorada, a pequena Rosie mostrou-se de mãos dadas com Al e Teddy não conseguia parar sentado num único lugar. E aquelas cenas Charlie já as assistira.
O Lupin caçava Nic com os olhos e procurava, incessantemente, por um contato com ela. E Nic nunca se machucaria, nunca entenderia que as pessoas amam e se importam - Charlie sentia muito por ela - e, naquela noite, Teddy foi vencido por seu desejo errôneo pela cunhada e tomou-a em seus braços, corpo e parede.
Mas Charlie sabia que para Dominique aqueles beijos e agarros eram diversão, uma brincadeira para sair de uma rotina - uma mera sensação. E no fim, Charlie assistiu ao casamento de Teddy e Victoire e à sensação de vazio do Lupin no altar.
Dominique era contraste; um pano de cetim.

2 comentários:

Anônimo disse...

noah!!!
deosdoceu! esta sua fase dominique não acaba mais, não é?
heuashruaheuaheu
coisa boa...
adorei muito este trecho. primeiro pq tem o charlie (\o/), segundo pq vc apresentou novas coisas na vida da ruiva que eu nunca tinha imaginado. além do que, eu soube, que o teddy se casa com a vic. estranha a relação deles não é? mas acho que é isso que dá um sabor pro que vc escreve...

bessos!

Anônimo disse...

ps: tô com preguica de fazer loggin...
=p