Ela era sozinha. E amava. Desejava - e até se encantava. Mas era totalmente sozinha. Ausente de companhia, de um amigo, de vida.
E ser sozinha não era tão desagradável como todos traçavam. Não era como nadar em um oceano sem ondas sob o sol ardente; não era como acordar todos os dias e ainda ver noite.
Simplesmente não era.
Ela apenas sabia que não, apesar das circunstâncias sempre mudarem e sempre ratificarem as idéias dos outros. As impressões alheias sempre pareciam certas com a realidade, mas ela entendia que estar sozinha não era tudo aquilo. E unicamente ela poderia apreciar a companhia da ausência de tudo.
E apreciava. E não queria outra coisa.
O nada de matéria viva era mais que uma arte abstrata, mais que um riscar de carvão sobre um papel rústico. Era a idealização da vã tentativa de compreensão; tão inepta que se tornava bela e utópica. E utopias são perfeitas em sua exatidão.
Estar na ausência era o mesmo que entender as importâncias de uma ínfima forma de vida. Mas não era isto o que queria, porque, estar sozinha, era além de querer entender a vida. Era mais que entender a si mesmo. A busca de entretenimento consigo mesma e, ainda, não querer encontrar, para sempre buscar.
Estar sozinha era o não querer de completar uma etapa. Era uma satisfação de enganação sem fim.
E isso atraía-lhe. E isso enganava-a.
2 de mar. de 2008
Sem Pão, Com Circo.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
já percebi que a maioria das pessoas acredita que estar sozinha é algo ruim.
sempre achei o contrário; nunca se está completamente sozinha, pra ser sincera. você passa seu tempo com lembranças, com suas outras facetas, com descobertas.
dizem que a melhor forma de conhecer uma pessoa é nos momentos de necessidade. acredito que não. você nunca vai conher uma pessoa verdadeiramente falando, porque isso só acontece em companhia da solidão.
*não dê muita bola para que escrevo. estou meio aérea hj*
Postar um comentário