10 de fev. de 2009

Louis correu sem pensar para o quarto da irmã e ali se trancou.

- O que você quer, Loui?

A pequena Weasley, com os seus olhos grandes e verdes, como os do papai, olhou Victoire e não exitou em responder:

- Está chovendo.

- Eu percebi. - Victoire levantou-se da cadeira, deixando para trás o seu trabalho. Estava há poucos meses na editora de uma famosa revista de moda, mas seu trabalho era inversamente proporcional a isso. - Mas você não acha que está grandinha para isso, Loui? - Ela afagou os
cabelos ruivos da miúda e sorriu, meiga.

- Você não entende, Vic, está chovendo. E quando chove_

- Tem trovões e raios. Mas estamos seguras dentro de casa, querida.

Victoire tinha então 19 anos.

- Você não entende, Vic, não entende mais!!! - Louis gritou, com os olhos cheios d´água. E toda vez que chorava, a ponta de seu nariz ficava vermelha e as sardas salpicavam ao rosto.

E a pequena Louis Weasley atravessou o corredor correndo, chorando. Cada pingo lá fora era mais denso, mais grosso, sufocante... e a porta oposta ao quarto da irmã mais velha estava a menos de um palmo de sua frente.

Não entrava sem bater naquele quarto. E nunca correra para aquela direção antes. Mas estrou.

- Está chovendo, Dominique!!!

Ela estava ali, deitada na cama, de olhos fechados, sem fazer nada. Ela estava ali, com pernas esticadas, uma sobre a outra, e continuou ali quando a ruiva Weasley pulou em cima dela.

- Está chovendo, Loui. - Falou Dominique.

E Louis achou aquilo o máximo, no auge dos seus 7 anos.

2 de fev. de 2009

relatividade dos lados

Estaremos sempre do lado errado, era o o que você me dizia. E eu te perguntava quando estaríamos do lado certo e você me sorria, cínico, e tragava aquele maldito fumo como se me beijasse à boca.

Éramos, então, desde daquele tempo, dois malditos perdidos. Você, do lado errado de lá, e eu, do lado errado de cá. Somos malditos, ainda, Rebastan. Você, com essa pureza imaculada e suja por ideias dispersos, e eu... pela minha solidez irredutível.

E eu também fumava, porque esse era o ato de nosso beijo. E a gente se beijava sem colar a porra de nossas bocas. Éramos imundos em nossas crenças. E você, droga, sempre soube.

Estaremos do lado certo quando estivermos do mesmo lado, eu queria te ouvir falar. Mas você era um completo filho-da-puta assim como eu era. Então, tragávamos, juntos, ao mesmo tempo, cigarros fedorentos diferentes.

Você, porque era o seu vício. Eu, porque você era meu vício.

Num dia, eu sabia, nós trocaríamos de lado, só que você não existiria mais para me dizer que estávamos em lados errados. Você, seu desgraçado, não iria mais existir.