2 de fev. de 2009

relatividade dos lados

Estaremos sempre do lado errado, era o o que você me dizia. E eu te perguntava quando estaríamos do lado certo e você me sorria, cínico, e tragava aquele maldito fumo como se me beijasse à boca.

Éramos, então, desde daquele tempo, dois malditos perdidos. Você, do lado errado de lá, e eu, do lado errado de cá. Somos malditos, ainda, Rebastan. Você, com essa pureza imaculada e suja por ideias dispersos, e eu... pela minha solidez irredutível.

E eu também fumava, porque esse era o ato de nosso beijo. E a gente se beijava sem colar a porra de nossas bocas. Éramos imundos em nossas crenças. E você, droga, sempre soube.

Estaremos do lado certo quando estivermos do mesmo lado, eu queria te ouvir falar. Mas você era um completo filho-da-puta assim como eu era. Então, tragávamos, juntos, ao mesmo tempo, cigarros fedorentos diferentes.

Você, porque era o seu vício. Eu, porque você era meu vício.

Num dia, eu sabia, nós trocaríamos de lado, só que você não existiria mais para me dizer que estávamos em lados errados. Você, seu desgraçado, não iria mais existir.

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