7 de nov. de 2007

Formas Formosas

- Garwen?
- Senhor capitão, a senhorita Morgana chegará em pouco tempo.
- Aproxima-se de mim, meu bom cavaleiro.
O jovem deu poucos passos até o leito da cama do capitão de cavalaria.
Como é possível Lancelote ficar assim? Justo ele que é o homem mais forte de meu Rei. Lancelote suave e, algumas vezes, Garwen acreditou que delirava.
- Você quer saber de uma coisa, Garwen?
- Se o senhor acreditar que devo ter conhecimento...
- Não precisa moldar as palavras comigo hoje. Sou apenas um homem enfermo que precisa de um amigo.
- Fico lisonjeado por isso, senhor - e o jovem cavaleiro fez uma pequena reverência.
- Quando chegou aqui, acreditei que você não sobreviveria nem três luas completas. Mas você foi além e tornou-se um dos meus melhores aprendizes.
- Obrigado, senhor...
- Deixe-me falar sem que me interrompe, garoto!
Garwen engoliu seco e fez-se quieto.
- Conforme você mostrou-se apto para as artes da guerra, achei que cresceria e ganharia proporções corporais para aguentar todo um reino em guerra. Mas você cresceu e ficou pequeno como viera, sem ombros largos ou braços musculosos, só que se mostrou tão ágil e hábil como as armas, que até mesmo eu fiquei impressionado. Artur impressiona-se fácil com tudo e logo queria-o entre os seus companheiros - e acho que você já sabe que ainda não está lá por causa de mim.
O jovem meneou a cabeça, afirmando.
- Não fique bravo comigo...
- De forma alguma, senhor!
- Como já disse, você cresceu e ficou como era e mostrando-me que não é capaz só de suportar um reino em guerra, mas as dores, pesares, conflitos e tudo mais que pode atormentar um homem. Você foi o suporte de todos os cavaleiros, unindo-os por mais que seus princípios divergissem e é por isso que o mantive longe de Artur, quando ele próprio apoiava-se em você... mas é que sempre senti em você uma vibração diferente. Durante algum tempo culpei-me por ser pecaminoso todos o meus pensamentos por você. Sua beleza delicada me encanata, Garwen...
- Senhor, eu realmente acho que a febre já o fez perder as faculdades mentais.
Lancelote bem conseguia visualizar o nervosismo do jovem e isso alegrava-o.
-... Julguei-me por várias luas, rezando para um deus que não sei ao certo se existe. Seu corpo exala outras formas... e ontem eu entendi.
Me ferrei! Garwen engoliu seco e passou a mão pela rosto.
- Entendi o efeito que você tem sobre mim.
- Senhor, sem querer insultá-lo - mais do que já fiz - mas acho melhor o senhor descansar e parar de...
- NÃO ME PESSA PARA FICAR QUIETO! TENHO DE FALAR!!!
- Tá bom! - Garwen até abaixou os ombros e perdeu a pode de cavaleiro.
- Eu vi você junto a um homem e vi-o beijar-lhe a boca. - Lancelote tossiu e puxou as cobertas para mais perto da cabeça. - Eu o vi despir-lhe e vi as formas formosas que o corpo de uma mulher deve ter. Eu vi quando ele soltou seus cabelos e seus cachos louros claríssimos escorregaram até o fim das suas costas. Eu vi...
Garwen estava parado, incrédulo. Virou-se de costas para retirar-se do aposento sem pedir permissão.
- Arwen!
Seu coração acelerou. Engoliu seco, trêmulo.
- Eu vi quando ele a abraçou e você beijou-o a boca de uma forma que eu senti inveja! Inveja por nunca terem-me beijado daquela maneira - e senti mais inveja por ele tê-la tocado de maneira pura, sem os toques que um homem dá em uma mulher quando se querem.
Sentiu Lancelote aproximar-se aos poucos e, de repente, as mãos grandes e masculinas dele envolverem-na, cingindo seu corpo pelos ombros e ventre. Ele apertava seu corpo contra o dela e Arwen sentia o tremor de frio do capitão.
Muito devagar, virou-se para encarar Lancelote.
- Agora entendo o por quê de seus traços delicados e femininos - e, pouco a pouco, ele desatava as roupas pesadas de cavalaria do corpo dela e desprendia os cabelos. - Revele-se para mim, Arwen, da mesma maneira que aquele homem fez. - Lancelote passou as mãos pelos ombros estreitos dela e conduziu as vestimentas a caírem pelo corpo. Arwen estava exposta, só com a manta já rala que se fica debaixo da armadura. Os cabelos, exatremamente louros, caíram pelos ombros, costas e braços. Em um movimento nem tão rápido devido à febre, o capitão de cavalaria deixou-a nua, declarando as formas harmoniosas de Arwen.
E, assim, o corpo de uma mulher revelou-se para ele.
Seus seios não eram grandes, mas sim pequeno e arrebitados, firmes. Os braços eram fortes, as pernas grossa e musculosas e o ventre diferente de qualqeur outro que Lancelote já vira. Era rígido e havia alguns contornos musculares.
Lancelote caiu de joelhos no chão e abraçou Arwen pelo ventre. Apoiou a cabeça entre os seios dela e pôs-se a chorar, soluçando.
- Seja minha base também, Arwen. Faça-me suportar tudo o que passo, dei-me conselhos. Afaga-me em seu colo por esta noite, por favor - e soluçava mais.
Arwen, sentindo o vento frio bater em suas costas, agora nuas, estava isenta de qualquer movimento. Não conseguia raciocinar; seu segredo estava revelado. Tudo o que a garota conseguiu fazer foi pôr os dedos entre os cabelos morenos do belo capitão e afagá-los.
- Desculpe, senhor meu capitão, mas não posso fazer isso.
Lancelote olhou-a incrédulo.
- Para isso, o senhor já possui a Rainha.
Os olhos de Lancelote arregalaram-se e ele levantou-se.
Arwen aparentava menor do que parecia ser, quando enganava a todos como Garwen.
- Beija-me como fez com aquele homem.
- Senhor, o senhor não sabe o que...
- EU AINDA SOU SEU CAPITÃO E ISSO É UMA ORDEM!!!
Arwen estremeceu e encolheu-se. Já vira Lancelote bravo diversas vezes, mas, ali, compreendera que uma coisa era estar irritado com um bando de homens leais a um único ser e outra, completamente diferente, era estar bravo com um pessoa que o enganara.
Ela aproximou-se dele e, sentindo a sua pele arder em fervura, pôs as mãos sobre o rosto áspero do capitão. Ficando na ponta dos pés e com mais um pouco de esforço, seus lábios grudaram aos deles e, pouco a pouco, suas bocas entreabriram-se.
Lancelote cerrou os olhos e passou as mãos pela contiura dela, acariciando a região e as costas delgada. A língua de Arwen era diferente - até mesmo da de Guinevere. Era quente e macia, sabendo tocá-lo e exigir dele movimentos que desconhecia. Não que fosse um lascivo que já experimentara todas as bocas das donzelas, mas a de Arwen tinha uma textura diferenciada.
Trouxe-a para mais perto e os braços dela enlaçaram-no pelo pescoço, esforçando-se mais com a ponta dos pés para aprofundar o beijo.
Lancelote deslizou uma das mãos pelas costas, subindo-a, até a nuca onde alguns fios de cabelos emaranharam-se em seus dedos. A outra procurava o caminho em direção ao seio dele e, quando o tocou, o beijo cessou-se.
Arwen voltou os pés no chão e correu para pegar a manta rala.
- Somos diferentes - disse, apenas, enquanto vestiu a manta.
Lancelote visualizou nas costas de Arwen alguns desenhos em azul. Lembravam serpentes.
- Pois parece-me que nossa origem é a mesma.
Bem sabia que aqueles desenhos pertenciam à Avalon.
- Não, não é isso, senhor. Eu quis dizer que a Rainha e eu somos diferentes. Enquanto ela tenta mudar legiões em prol da sua legião, eu tento fazer de todos iguais perante ideias iguais.
- E não é a mesma coisa?
- A legião dela é o cristianismo. Os ideias que eu falo é a vontade de fazer paz em nossas terras e lutar pelo rei justo que, enfim, a Bretanha conseguiu ter.
- Guinevere...
- Desculpe as palavras, senhor capitão, mas a Rainha acha que sabe de alguma coisa. Mas do que se pode saber alguém que tem medo de ficar exposto ao vento?! Ela acredita ter feito o melhor ao persuadir o senhor meu rei a desastiar a badeira de Pendragon, mas ela não vê que, antes disso, os povos antigos e as atuais legiões lutavam juntos, sem grandes conflitos e, agora, a armada de Artur diminuiu para um terço do que era. Ela não entende de guerra e tampouco de fé.
Lancelote sentiu raiva e, ao partir para cima de Arwen, falacera.
Arwen chamou por Morgana e a sacerdotisa acudiu-a, ajudando na recuperação de Lancelote.

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